Em março deste ano, toquei neste assunto do compartilhamento mostrando que uma infinidade de serviços e produtos ganham cada vez mais espaço na vida das pessoas. Praticamente tudo é compartilhado, ou seja, o compartilhamento não é mais uma tendência, é uma realidade.
Essa nova realidade da economia colaborativa tem muito a ver com o novo comportamento do consumidor. Uma nova geração que busca trabalho e não emprego, que busca uma atitude de ser ou viver, muito mais do que ter ou simplesmente acumular bens materiais. Esse comportamento individual altera completamente a ordem das prioridades e faz do simples ou coletivo algo prazeroso e, mais do que isso, é preciso experimentar.
Assim, nessa onda, o cidadão consciente pensa na comodidade, na praticidade e em quanto vai pagar por isso. Um exemplo é a mobilidade urbana. Bicicletas estão espalhadas há muito tempo pelo mundo, não só como forma de lazer, mas principalmente para facilitar o deslocamento das pessoas, seja para o trabalho, para a escola ou outras necessidades. Apesar de as cidades brasileiras precisarem de mais ciclovias, respeito e educação no trânsito. Também ganham força os veículos compartilhados, de preferência sustentáveis, favorecendo o consumo da energia limpa.
A infraestrutura das cidades e das estradas não cresceu na mesma proporção do crescimento da frota de veículos. Perdem-se horas nos engarrafamentos, horas que muitas vezes faltam na qualidade de vida das pessoas. O compartilhamento começa em casa, no seu prédio, no uso de aplicativos, táxis, carros locados ou simplesmente veículos que você pega em um determinado lugar e deixa em outro. Não podemos pensar o futuro se ficarmos agarrados ao passado.
É papel das empresas, entidades empresariais e instituições de fomento, divulgar estas boas práticas. A educação é um ponto importante, mas dividir no Brasil sempre foi um problema. No Espírito Santo, temos mais de 1,8 milhão de carros circulando e, na maioria das vezes, com somente uma pessoa dentro. A própria indústria automotiva está consciente disso. O carro é uma invenção maravilhosa, com muita tecnologia embarcada. Só que compartilhado é bem melhor.
Fernando Manhães,
É o Diretor do Grupo Prix e professor do curso de Comunicação Social da UFES