Em agosto de 2015, publiquei nesse mesmo espaço um artigo sobre o meio jornal com o título “O fim
dos jornais como conhecemos”. Talvez tenha sido a coluna com maior número de comentários na
época. Passados quase nove anos, os jornais resistem apesar de muitos terem anunciado a sua
morte, precocemente.

É fato inegável que de lá para cá, vários desapareceram. Entretanto, boa parte dos jornais mundiais
resistiu aos avanços da tecnologia e da internet, dentro do modelo tradicional, com notícias factuais
e requentadas do dia anterior. Durante esse período, por questões econômicas, foram se adaptando,
diminuindo o número de páginas e restringindo sua circulação. Também é verdade, que muitos
tentam equilibrar as contas, com a publicidade legal e a nova receita da mídia programática,
principalmente através do Google nos seus sites de notícias.

Entretanto, o volume de anúncios, principal sustento do meio, é muito pequeno. Apesar de um
estoque de leitores mais velhos e de maior poder aquisitivo, os anunciantes decretaram o fim do
anúncio e como consequência, as agências de publicidade apontam para o caminho das novas
tecnologias. Mesmo assim, os jornais resistem. A participação do meio jornal, na distribuição do bolo
do investimento publicitário, vem reduzindo ano após ano, apesar do ligeiro crescimento no ano
passado. Segundo dados do Cenp-meios, o meio jornal ficou em 2023, com 1,7% de participação do
mercado publicitário. Por outro lado, a internet atingiu 38,2%.

A queda do investimento por parte dos anunciantes e a diminuição do hábito de leitura dos clientes,
faz com que o nível de recuperação do meio, torne este desafio ainda maior. O jornal precisa
retomar a liderança do jornalismo investigativo e se transformar na caixa de ressonância daquilo que
é diariamente colocado na internet. Uma espécie de autenticador da verdade. É importante ressaltar
que um novo meio quando surge, não necessariamente, elimina outro meio. Basta ver como a
televisão não acabou com o rádio, muito pelo contrário. O rádio continua mais vivo do que nunca.
Exemplo mais atualizado é a forma como as televisões, notadamente a TV Globo, vem trabalhando
com as plataformas de streaming, tudo para impedir o distanciamento do telespectador.

O que podemos concluir é que o meio jornal continua vivo, sim. Entretanto, várias perguntas pairam
no ar: será ele capaz de se transformar e se ajustar às novas demandas do mercado? Será capaz de
motivar as novas gerações a ler no papel? Será capaz de interligar o seu conteúdo jornalístico com
outros meios? Será capaz de gerar atratividade por parte dos anunciantes? São perguntas sem
respostas definitivas até o momento. Mas, com certeza não precisaremos de mais nove anos para
conhecê-las.