Já perdemos faz tempo o título de “país do futuro”. Isso tem nos transformado gradativamente em um Brasil com pessoas mais velhas. Segundo estatísticas do IBGE, caminhamos com rapidez para um perfil demográfico cada vez mais envelhecido. E isso não necessariamente significa uma coisa ruim. As razões para essa mudança devem-se à combinação de três fatores: queda da mortalidade infantil, aumento da expectativa de vida; e uma taxa menor de fecundidade, ou seja, morrem menos crianças, vivemos mais e as mulheres têm menos filhos.
Diante dessa realidade, será que estamos preparados para um país maduro? Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2025 o Brasil será o sexto país do mundo em número de pessoas mail velhas. Assim, teremos menos crianças e jovens, e mais adultos e idosos. Não vou nem entrar na questão mercadológica e tão pouco na previdenciária, pois ambas merecem uma abordagem só para elas. A questão aqui é como modificar a compreensão sobre o ciclo da vida humana, para aí sim, buscar ressignificar a longevidade.
Pesquisando na web, encontrei a Aging 2.0, uma organização com sede em São Francisco (EUA), que promove o fortalecimento de startups focadas em produtos e serviços inovadores para o público acima de 50 anos. Segundo a diretora do capitulo brasileiro, Simone Jardim, “tudo é muito novo e demanda uma mudança cultural até para o próprio idoso.” Ela destaca também que o Brasil ainda não aceita as suas “rugas” e segue um modelo de beleza juvenil. O nosso padrão de estética e culto ao corpo nos afasta de entender o envelhecimento como um fato natural. Nesse sentido, não é de se estranhar que lideramos com os americanos o ranking de cirurgias plásticas.
Na esfera pública (saúde e educação), as crianças e jovens continuam sendo prioridade, basta constatar que varias cidades brasileiras possuem déficit de creches públicas, reflexo de anos de omissão e descaso dos governos cm esta faixa da população. Por outro lado, outro dia, num programa de TV, o escritor e autor de novelas Agnaldo Silva lembrava que há muito preconceito contra o idoso e que muito pouco tem sido feito pensando na população madura. Seremos problema ou oportunidade?
Fernando Manhães,
É o Diretor do Grupo Prix e professor do curso de Comunicação Social da UFES