O termo marketing já se popularizou na linguagem dos brasileiros. Apesar de ser uma palavra em inglês, sua aceitação e incorporação no vocabulário brasileiro pode estar ligada ao fato de não termos uma palavra única na língua portuguesa para traduzí-la. Na realidade, muitas vezes seu uso está relacionado a questões imaginárias, distantes, irreais ou até mesmo falsas.

Como o marketing está associado diretamente aos planejamentos e suas estratégias, muitos colocam o marketing em vala comum no campo das intenções, da ideia de fazer, de jogar pra galera. O que chamo de marketing do espetáculo. No mundo empresarial é o mesmo que fazer uma apresentação em PowerPoint para ser apresentada ao chefe, bonitinha, mas sem conteúdo.

De presidente da República, passando por governadores, prefeitos, ministros e secretários estaduais e municipais, já cansei de assistir a entrevistas e apresentações fazendo referência aos planos dos outros dizendo que as ações tratam-se de “apenas um plano de marketing”. Ou seja, não são reais. São falsas. Até o juiz Sérgio Moro se rendeu com a espetacular divulgação das gravações fora do contexto da investigação da Lava Jato, dando publicidade ao que era indevido ao caso.

Quando publicamos nossos passos, ação cotidiana no Facebook, damos uma dimensão muito maior que os fatos muitas vezes realmente possuem. E quem os lê faz a sua própria interpretação. Ao elaborarmos um plano de marketing, nos baseamos em objetivos, direcionados a um determinado público e, para isso, lançamos mão de estratégias e táticas. Tudo embasado na realidade, na capacidade de execução, na profundidade das ideias e, principalmente, nas fontes de recursos para sua implantação. Pensem nisso quando ouvirem alguém falar que “é apenas um plano de marketing”.

Fernando Manhães


É o Diretor do Grupo Prix e professor do curso de Comunicação Social da Ufes