O Brasil, a partir do ano de 2030, terá mais velhos do que jovens. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de brasileiros com mais de 60 anos cresceu 55% entre 2001 e 2011, o que mostra a necessidade de adaptarmos o sistemade saúde, educação, de trabalho e dos equipamentos urbanos. Por outro lado, estamos vivendo mais, o que também provocará mudanças profundas no sistema previdenciário, já que teremos menos jovens produzindo para garantir a aposentadoria para uma maioria idosa.

As conquistas da medicina e da tecnologia têm facilitado a melhoria de expectativa de vida no Brasil, que pode passar dos 80 anos em 2040. Assim, deixaremos de ter um mercado de nicho para um mercado de massa. Com a globalização e a web, estamos mais ativos e a inserção do idoso aumentou, apesar de um isolamento do convívio com os mais jovens. Talvez em função da fragmentação das estruturas familiares e a marginalização do idoso na sociedade brasileira. Mas isso não chega a ser um problema. Segundo o IBGE, nos dados divulgados em 2015, 27% da população idosa brasileira, ou seja, acima dos 60 anos, trabalhava em 2012, e a maioria (64,2%) representava as pessoas de referência no domicílio.Mascomo aproveitar as oportunidades mercadológicas surgidas desse grande público?

Alguns exemplos estão em curso, como nos países mais longevos e experientes nesse assunto, caso do Japão e da França, por exemplo. Uma gama de produtos e serviços precisa ser criada ou aperfeiçoada para atender esta demanda. É preciso criar condições para que a população mais velha fique mais tempo produtiva. A imagem do vovô na cadeira de balanço ficou no passado e o mercado precisa de uma comunicação com uma linguagem mais apropriada para este público.

Crescem pelo mundo afora os “centros de convivência”, um espaço recreativo que recebe idosos pela manhã e, no fim da tarde, eles retornam para as suas casas. Escolas, faculdades, academias e planos de saúde, serviços profissionais como fisioterapeutas, nutricionistas, geriatras e até mesmo cuidadores crescem e estão de olho nesse mercado. No campo do lazer e entretenimento, nem se fala. Viagens, spas, cassinos, gastronomia, casas de festas e shows. Mas, para isso, o marketing precisa ser reinventado. Sem preconceitos, sem estereótipos.

Fernando Manhães,


É o Diretor do Grupo Prix e professor do curso de Comunicação Social da Ufes