O primeiro turno das eleições 2016 chegou ao fim e, a partir de agora, o cenário político volta-se para as praças que realizarão eleições exclusivas para prefeito. Muitas leituras estão sendo feitas pelos analistas e cientistas políticos sobre os recados que os eleitores quiseram passar para toda a sociedade. E creio que foram muitos. Mas, sinceramente, apesar de gostar e ter trabalhado em algumas campanhas políticas majoritárias no passado, não me sinto habilitado para emitir uma opinião segura e isenta sobre o assunto.

O aspecto que quero ressaltar, que me chama atenção, é a postura que os caciques políticos passaram a adotar após o resultado das eleições: de um lado, o exemplo raro dos que saíram vitoriosos, tentando influenciar o eleitorado; e, de outro, aqueles que negam ou minimizam a sua participação na derrota dos seus afilhados políticos.

Nunca vi tanto padrinho envergonhado por aí. E, é claro, isso não chega ser uma novidade. Basta lembrarmos como o Fernando Henrique Cardoso ficou escondido nas campanhas presidenciais. Agora, vemos diversos padrinhos que já elegeram até poste e, hoje, fogem dos holofotes da mídia ou, quando aparecem, se inocentam com a desculpa de não ter participado tão efetivamente no processo de construção da imagem dos seus apadrinhados.

Outra contradição é a negação, por uma parte significativa dos candidatos, à classe politica. É natural que muitos tentassem se descolar do ambiente nefasto em que os partidos políticos se encontram. Mesmo assim, não me parece que acharemos uma saída para esse caos em que vivemos, sem que seja pela porta da política.

E o fato é que daqui a dois anos teremos eleições de novo e em 30 de outubro, os eleitores de 55 cidades brasileiras voltam às urnas para eleger seus prefeitos. Provavelmente, teremos novos padrinhos derrotados e, ao que parece, a máxima “quem tem padrinho não morre pagão”, não funcionou desta vez.

Fernando Manhães,


É o Diretor do Grupo Prix e professor do curso de Comunicação Social da UFES