Já faz algum tempo que os portais de notícias vivem o dilema de fechar seus conteúdos exclusivamente para assinantes. Isso ocorre por uma razão muito simples, a publicidade sozinha, ou seja, através de formatos publicitários, não paga o conteúdo jornalístico na internet.
Muitos desses portais, eu creio que a grande maioria, possuem versões impressas originariamente. É o caso, por exemplo, dos veículos nacionais Folha de S.Paulo, O Globo, Valor Econômico e também a nossa A Gazeta.
Numa visão inversa, o americano New York Times e o britânico Financial Times ditam a tendência de cobrar o conteúdo com relativo sucesso há algum tempo. Recentemente o New York Times divulgou um crescimento de 154 mil novos assinantes digitais, chegando à marca de 2,5 milhões de assinantes, com a campanha de US$ 1,88 por semana na assinatura básica. Eles obtiveram excelentes resultados. É bem verdade que os números de assinantes apresentados pelo NYT não chega a surpreender, por se tratar de um jornal de amplitude mundial.
Mas o fato que mais chama a atenção é o crescimento da receita de publicidade online, que subiu 11% e responde agora por 43% da receita publicitária total da companhia. Em contrapartida, a receita da publicidade impressa caiu 20%, refletindo o recuo de anunciantes nos segmentos de luxo, viagens, imóveis, mídia e tecnologia e telefonia.
É muito difícil manter as estruturas jornalísticas sem uma publicidade forte. Nem nos bons tempos a mídia impressa, no caso jornais e revistas, pagavam seus custos com o valor cobrado do leitor com preço de capa do exemplar. E pelo que parece, estamos muito longe desse objetivo no Brasil.
Aqui a internet surgiu dentro de um modelo gratuito e passou a cobrar pelo conteúdo não apenas por uma questão financeira, mas também por uma questão cultural. É preciso manter a atratividade junto aos públicos e por que não dizer das próprias fontes.
Os resultados até aqui refletem um trabalho de uma estratégia digital. Seja num caso ou no outro, sem publicidade forte ou outro fator de compensação, os conteúdos irão sofrer por não suportarem os custos e maiores os prejudicados seremos todos nós.
Fernando Manhães,
É o Diretor do Grupo Prix e professor do curso de Comunicação Social da UFES