Os hábitos de consumo dos meios realmente estão mudados. Hoje são muitas as opções para sermos impactados. Tudo praticamente virou mídia e a cada dia, novos formatos surgem. Os conteúdos dos meios também têm buscado se adaptar a essa nova realidade. Entretanto, muitos desses conteúdos são travestidos de teor jornalístico e na verdade, são matérias pagas chamadas de publieditorial, branded content ou simplesmente, conteúdo pago. Nesses casos, o texto publicitário se aproxima ao texto informativo, gerando no consumidor a credibilidade que o texto jornalístico, que não é pago, possui.

Uma mudança drástica, indo de encontro a esse assunto, foi quando no ano passado a TV Globo dentro do Jornal Nacional exibiu, na voz do apresentador William Bonner, as marcas dos patrocinadores da Fórmula 1 de 2018. Sem dúvida foi uma quebra de paradigma, pois o jornalismo da Globo não pode ser meio de divulgação de materiais publicitários, dentro do jornalístico.

No passado, a própria TV Globo inovou ao criar um departamento de merchandising para desenvolvimento de ações nos programas de auditório e nas novelas. O jornalismo esportivo já havia apresentado marcas durante a exibição de seus programas, mesmo fora dos intervalos comerciais.

De qualquer forma, a mídia digital e as redes sociais dão visibilidade e protagonismo aos profissionais da mídia (locutores, atores, diretores e celebridades de última hora) e agora, está chegando a vez dos jornalistas. É certo que não há consenso no assunto, mas fica evidente a necessidade de acompanhar a evolução dos meios concorrentes.

O debate é bom e pertinente desde que o telespectador, ouvinte, leitor ou internauta não seja levado a confundir publicidade, que sempre é paga por alguém, com conteúdo jornalístico que, para manter-se livre e independente, precisa ser totalmente transparente.

Fernando Manhães,

É o Diretor do Grupo Prix e professor do curso de Comunicação Social da UFES