A Paralimpíada começou no Rio de Janeiro 17 dias após o término da Olimpíada. Como sempre, ela ocorre depois do grande evento olímpico. Fico
me perguntando por que o COI (Comitê Olímpico Internacional) realiza o evento principal antes do evento secundário? Assim como num show de uma grande banda musical, uma atração local faz a abertura do showprincipal da noite e o aquecimento da plateia. Por outro lado, o evento paralímpico poderia ser um teste para as instalações e para o funcionamento como um todo, do evento principal. Outros podem dizer que por conta das adaptações necessárias para os jogos paralímpicos, seria inviável sua realização antes das Olimpíadas. Pode ser.

No final de agosto, foi lançada a campanha “Somos todos paralímpicos”, em que aparecem atores globais em fotos modificadas. Vemos a atriz Cleo Pires com o braço amputado, representando uma atleta de tênis de mesa, e o ator Paulo Vilhena retratando um jogador de vôlei sentado. A campanha até recebeu o apoio dos atletas e do Comitê Paralímpico Brasileiro, não escapou das críticas na internet, o que de certo modo é perfeitamente normal. Afinal, a propaganda choca e faz a gente sair da zona de conforto. Não vejo problema em usar famosos para chamar a atenção. É uma estratégia utilizada na comunicação que investe no apelo visual. Neste caso, o diferente.

O fato é que sabemos pouco sobre os atletas paralímpicos e, o que é pior, sabemos pouco sobre as pessoas com deficiências. O momento dos jogos paralímpicos no Brasil é uma grande oportunidade para conhecermos um pouco mais sobre pessoas que possuem necessidades especiais, que já foram um dia chamadas de excepcionais, de portadores de deficiências e, mais recentemente, de apenas deficientes. Agora, voltando à questão da cronologia – qual evento deve ser realizado primeiro – a Olimpíada ou a Paralimpíada, chego a conclusão que o COI e eu estamos com a razão: os mais importantes fazem o show por último.

Fernando Manhães,


É o Diretor do Grupo Prix e professor do curso de Comunicação Social da UFES