Discman, locadora de vídeo, pager, telefone fixo e orelhão. Se você que nos lê tem menos 25 anos, provavelmente, não conviveu com essas inovações que fizeram parte do cotidiano de muita gente. São produtos e serviços que marcaram um tempo, fizeram sua história e hoje vivem na memória dos mais nostálgicos, que, por mais que insistam em relembrar o passado, atualmente, assistem seus filmes e séries nas plataformas de streamings e conversam com amigos por meio de serviços de mensagens instantâneas de seus smartphones.
O objetivo desse artigo é trazer reflexões sobre o valor de uma ideia, de seu impacto e como ela é capaz de mudar hábitos. Possivelmente, você conhece alguém que ainda colecione CD´s e DVD´s. No entanto, é inegável que as plataformas de áudio, como o Spotify, Deezer e Amazon Music, por exemplo, trouxeram mudanças significativas na forma de se consumir música. Ouve-se canções, podcasts e audiolivros em qualquer lugar e em qualquer horário. Basta um fone conectado via bluetooth para você curtir o que quiser e não incomodar a vizinhança com seu gosto, digamos, eclético.
Pois é, agora a biblioteca musical acessa um número maior de artistas e de bandas, sem ocupar centímetros das estantes. O mesmo pode ser dito sobre os livros. Os dispositivos digitais de leitura, como o kindle, por exemplo, que comporta uma quantidade de livros que poucas bibliotecas seriam capazes de oferecer.
Ideias originais e com potencial para mudar hábitos se notabilizam pela sua capacidade de gerar valor. Alan Gregerman, no livro Gênios: como despertar a genialidade na sua empresa, na sua equipe e em você, define valor como a promoção de mudanças significativas na experiência dos clientes e que gerem resultados expressivos.
Gregerman prossegue, nos informando que no mundo dos negócios é preciso se guiar por 3 perguntas fundamentais para oferecer soluções que resultem em experiências realmente diferenciadas. São elas:
a) quem são nossos clientes?;
b) quais são as suas necessidades?;
c) o que é valor para eles?
Uma observação valiosa do autor é que essas perguntas devem ser reiteradamente feitas a fim de acompanhar a evolução dos hábitos de consumo dos clientes, uma vez que eles também vão se alterando com o passar do tempo.
Kim e Mauborne, no livro A estratégia do oceano azul, nomeia de “oceano azul” (perdão pela redundância) o lugar ocupado por empresas que abrem novos nichos no mercado e que são capazes de navegar em mares sem concorrência estabelecida. São os negócios tidos como originais, que moldam comportamentos e em que se aposta em um consumo até então não vislumbrado. Para que possuir carro, arcar com custos de seguro e manutenção, se posso me deslocar de um lugar para outro por meio de um app? Por que me hospedar em um hotel se posso passar um tempo em um apartamento descolado, com uma decoração que reflete o meu estilo de vida?
Obviamente que com o tempo, novos players vão surgir para disputar esses espaços de mercado. De qualquer forma, sair na frente permite fortalecer marcas, fidelizar clientes e ser lembrado pelo pioneirismo. Mentalidade inovadora exige gestão com foco na atualização das demandas do consumidor.
Nesse sentido, o que sua marca tem feito para se diferenciar e ser vista como original pelos seus clientes? Sabemos que os desafios a curto prazo, para manter a saúde financeira das empresas, muitas vezes tiram o oxigênio para investir em inovação e valor para os clientes. Mas e se não investirmos no novo e no diferente como seremos lembrados? Aliás, será que seremos lembrados? Ou seremos mais uma marca cuja escolha se dá meramente pelo preço mais baixo? Fato que muitas vezes ocorre com os anunciantes repetindo ideias criativas dos concorrentes e fazendo com que suas agências sejam pouco ousadas.
Investir constantemente em inovação e em grandes ideias que façam a diferença é assegurar que nossas marcas tenham valor e ocupem a prateleira mais destacada na mente dos nossos clientes. Para ser lembrado é preciso ser diferenciado, e nada como uma ideia para fazer isso.
Fernando Manhães – É publicitário e professor do curso de Comunicação Social da UFES
(*) Artigo escrito com a colaboração de Victor Mazzei, publicitário e professor universitário.
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