Qual a esponja de aço que tem “mil e uma utilidades”? Qual a sandália de borracha que “todo mundo usa”? Será que você sabe qual a marca de refrigerante capaz de “abrir a felicidade”? Nem precisamos fornecer as respostas nesse artigo para que você descubra. Embora os slogans mencionados apontem para produtos de segmentos diferentes, podemos afirmar que em comum, são marcas que se destacam pela capacidade criativa de comunicar com seus públicos, e, consequentemente, ocupar nossos corações e mentes.
Kevin Roberts, no livro Lovemarks: o futuro das marcas, discorre sobre marcas que têm uma relação de vínculo emocional forte com o seu público. O termo lovemark seria a tradução de uma ligação de fidelidade e verdadeira paixão por tudo o que a marca comunica e produz. De maneira sucinta, são marcas que, literalmente, conquistam seus públicos alvo de uma forma que vai além das questões racionais. Coca-cola, Apple, Netflix e Harley Davidson são casos notáveis de lovemarks.
O que leva alguém a produzir uma festa infantil com a temática Barbie ou Hot Wheels, por exemplo? Paixão por uma marca. Para quem não sabe, ambas as marcas são produzidas por uma mesma empresa, a Mattel. Barbie e Hot Wheels, não obstante serem objeto de desejo de muitas crianças (e de adultos também), são marcas geridas a partir de um cuidadoso branding para estarem presentes em canais multiplataformas e assim, mexerem com as nossas emoções.
É extremamente simplista afirmar que Barbie e Hot Wheels são apenas brinquedos, uma vez que estão presentes transmidiaticamente se desdobrando por meio de novas narrativas em peças de roupa, em cenas de filmes, ocupando espaços importantes em parques temáticos, inspirando a cultura pop em um sem número de aparições que não somos capazes de contabilizar. Ah, também estão nas prateleiras de lojas de brinquedos.
Para atingir estágios de referência, como Barbie e Hot Wheels, o branding é fundamental. Para isso, torna-se importante pensar estrategicamente em cada passo de uma marca, no médio e longo prazo, tendo como objetivo um posicionamento sólido, perceptível, diferenciado e que faça com ela se torne, adivinhe, uma lovemark. Usar a criatividade como forma de cuidar da marca, exige uma gestão não só da marca, mas também do negócio. É preciso assegurar um crescimento duradouro e sustentável que mostre marcas com propósito, identidade, valores e um diferencial criativo facilmente perceptível pelos consumidores.
Não é mistério que as empresas sejam guiadas pelo resultado. No entanto, a preocupação com o fluxo de caixa para questões irremediavelmente imediatas não pode obscurecer a possibilidade de que suas marcas também possam ser referências no mercado com o passar dos anos. Independentemente do porte da empresa, o branding pode representar o movimento necessário para a diferenciação e a percepção de uma marca criativa e emocionalmente única.
A criatividade, alinhada a um posicionamento bem estruturado, é essencial para que uma marca se destaque. Não falamos em “sacadas” ou “trocadilhos” tidos como criativos, porém aleatórios e descolados muitas vezes do propósito da marca. A ação criativa deve se orientar na estratégia para que crie ações e mensagens persuasivas e verdadeiramente relevantes capazes de transformar as marcas. E você, tem cuidado da sua?
Fernando Manhães – É publicitário e professor do curso de Comunicação Social da UFES
Artigo escrito com a colaboração de Victor Mazzei, publicitário e professor universitário.
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