O coronavírus se espalhou pelo mundo. A pandemia que pegou a Europa em cheio tem na Itália e na Espanha, os seus membros mais atingidos. Até aqui, Portugal tem demonstrado resistência. Diferente do Brasil, em Portugal não há questionamento sobre as medidas adotadas pelo governo socialista. O governo português agiu rápido, num momento em que a doença ainda estava na fase de transmissão entre pessoas que vieram do estrangeiro, principalmente da Itália, para os residentes em Portugal.
Numa retrospectiva dos fatos, Portugal entrou em quarentena voluntária no dia 14 de março, as escolas suspenderam as aulas no dia 16 e em 18 de março, foi decretado o estado de emergência pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Souza. Ou seja: as medidas necessárias foram tomadas, ao mesmo tempo em que Itália, Espanha e França tomaram as suas. A expansão da epidemia em solo português ainda não estava tão propagada como nesses países.
E o que podemos aprender com toda essa situação de quarentena e isolamento social? Primeiro, o mercado empresarial português sabe o tamanho da crise que tem pela frente e dos prejuízos a amargar durante esse período de paralisação. Embora existam também divergências sobre a intensidade, as medidas do governo, em momento algum foram politizadas ou demonizadas para a população, seja pelos empresários, pela mídia ou pela oposição. Os partidos de centro/direita representados pelos partidos PSD e CDS tem adotado um discurso “que é preciso primeiro salvar vidas e depois minimizar os impactos sobre a economia”. Só que o “depois” é agora, com medidas de natureza econômica e financeira de apoio aos empresários, autônomos e empregados.
O segundo aprendizado fica por conta da comunicação. O partido socialista tem demonstrado fôlego em atender todos os questionamentos da mídia e agido de forma coordenada e com prudência. Não há promessas. Há sim informações, dados e constatações. Com coletivas diárias fixas, entrevistas dos governantes nos programas de rádio e televisão e farto diálogo com a classe médica e científica.
Com uma população relativamente pequena, o número de infectados versus mortalidade é ligeiramente acima da média dos países no mundo, mas Portugal caminha por comprovar que pelo fato de ter adotado medidas restritivas no ir e vir das pessoas, conseguirá o tempo necessário para atender as demandas de internação e atenuar o pico da pandemia. O SNS Serviço Nacional de Saúde português tem se desdobrado para garantir o atendimento aos infectados, tomou medidas como a ampliação da oferta de leitos e a importação de equipamentos da China para mitigar os efeitos da doença. Também é importante ressaltar os esforços das Câmaras municipais às nossas prefeituras, no trabalho auxiliar ao do governo. Destacaria a Câmara de Braga que tomou medidas importantíssimas como: linha telefônica exclusiva para auxílio aos idosos em isolamento ou em situação vulnerável, criação de um centro de rastreio para aplicação de testes do coronavírus, campanha educativa para o isolamento social, alojamento para os profissionais da saúde, dentre outras.
Passada toda essa fase, que não sabemos quanto tempo levará, o caminho da recuperação econômica será longo. Portugal não dependerá somente de seu esforço, mas principalmente da comunidade europeia que terá que trabalhar em bloco se deseja de fato, resolver os problemas de uma Europa que terá uma forte redução na produção interna e um nível de desemprego na casa dos dois dos dígitos. Como disse o primeiro ministro Antonio Costa, a União Europeia tem que fazer a parte dela ou simplesmente perderá o sentido de existir.