O histórico dia do Fico deu-se em 9 de janeiro de 1822. Fato que talvez tenha passado despercebido para muitos. Completamos assim, 200 anos em que o príncipe regente D. Pedro I declarou que não seguiria mais as ordens da coroa portuguesa e que permaneceria no Brasil. Sem dúvida nenhuma, foi um dos fatos mais relevantes para, meses depois, o Brasil se tornar um país independente. Melhor dizendo, talvez tenha sido o fato que mudou o destino do povo brasileiro. É curioso que aprendemos isso na escola e depois acabamos esquecendo ou mesmo relativizando a sua importância para o desenvolvimento social, político e econômico do Brasil.

 

Vivendo em Portugal é fácil perceber como as notícias do Brasil tem importância aqui. Mas a recíproca não é verdadeira. Pouco sabia do que ocorria em Portugal quando vivia no Brasil. É lógico que a questão da dimensão econômica e populacional tem influência nesse aspecto. Portugal tem pouco mais de 10 milhões de habitantes e o Brasil é um gigante de 213 milhões de pessoas e de dimensões continentais. O fato é que a importância histórica do Dia do Fico é mais relevante para o Brasil do que para Portugal. Entretanto, nossa ligação com Portugal nos faz entender muito dos nossos hábitos e costumes.

 

Além dessa data comemorativa dos 200 anos e a sua contribuição social e econômica, faço uma correlação com o lançamento do FIC – Fundo de Investimento Comunitário Capixaba, capitaneado pela FUNDAES – Federação das Fundações e Associações do ES, que une e congrega as entidades do Terceiro Setor Capixaba. Trata-se de uma iniciativa inédita no Espírito Santo visando apoiar projetos sociais em todo Estado. Com parceiros estratégicos como IDIS – Instituto de Desenvolvimento e Investimento Social e a Mott Foundation, o FIC será lançado no próximo dia 31, no auditório da FUCAPE, com palestras de especialistas de renome nacional e internacional para uma melhor compreensão do tema.

 

Assim como D. Pedro I marcou a vida dos brasileiros e acelerou a independência do Brasil, acredito que além da semelhança dos nomes e da sonoridade, o FIC talvez seja para área social do Espírito Santo, um novo passo em direção a um Estado mais inclusivo, igual e atento às oportunidades que alavanquem o fortalecimento do terceiro setor. O FIC veio para ficar.

Fernando Manhães – É publicitário e professor do curso de Comunicação Social da UFES